O PRIMEIRO NORTE-RIO-GRANDENSE BACHAREL EM OLINDA
Chamava-se
José Joaquim Geminiano de Morais Navarro. O Curso Jurídico de Olinda
instalou-se a 15 de maio de 1828, no mosteiro de São Bento. As aulas abriram-se
a 2 de junho. Estavam matriculados quarenta e um estudantes. Em setembro
de1832, prestavam os derradeiros exames. O Curso Jurídico de São Paulo, criado
na mesma lei de 11 de agosto de 1827, instalara-se a 1o. de março de 1828, no
convento de São Francisco e bacharelara a sua primeira turma de seis bacharéis,
um ano antes, em novembro de 1831. Entre os quarenta e um diplomados de Olinda
tínhamos um único conterrâneo, o Dr. José Joaquim Geminiano de Morais Navarro,
já sem o Geminiano na lista de formatura
Não
deixou maiores rastos na terra natal, esse nosso distante iniciador da série
patrícia dos advogados. Sabemos muito pouco de sua história. Fiz uma pesquisa
longa para apurar-lhe as andanças anteriores e posteriores ao curso olindense.
José
Joaquim Geminiano nasceu em Natal a 19 de dezembro de 1799. O pai, Padre
Antônio Caetano do Rego Barros, era da primeira nobreza local, proprietário,
irmão do coronel José Joaquim do Rego Barros, membro do governo republicano de
1817, homem rico prestigioso, tendo sido o presidente da Junta Constitucional
Provisória, que administrou o Rio Grande do Norte de 3 de dezembro de 1821 a 7
de fevereiro de 1822. O nome do “sobrinho” deve ter sido homenagem ao tio
ilustre. Depressa o rapaz aparece nos acontecimentos da época. Devia ser
inteligente, vivaz e ousado. No juramento da Constituição que as Cortes estavam
fazendo em Lisboa, vereação solene em Natal, a 24 de maio de 1821, José Joaquim
Geminiano assinou, já importante. Na misteriosa concordata que os
representantes do Rio Grande do Norte e de Pernambuco assinam em Recife, de
auxílio mútuo, a 3 de agosto de 1824, José Joaquim Geminiano é um dos três
delegados oficiais por sua Província. Os outros dois foram, o Padre Francisco
da Cesta Seixas e José Joaquim Fernandes Barros. O “embaixador” tinha vinte e
cinco anos. Precocidade diplomática...
Bacharel
em 1832, logo a 15 de julho de 1833 é nomeado pela Regência em nome de Sua
Majestade o Imperador, Presidente da Província de Sergipe. Toma posse a 29 de setembro
do mesmo ano.
Não
sei como se houve em seu governo. A 13 de fevereiro de 1835 passou a
administração sergipana ao Dr. Manuel Ribeiro da Silva Lisbôa, o nosso
Presidente Parrudo, que seria Presidente do Rio Grande do Norte e assassinado
em Natal, com morte bárbara e tradição suja, no tocante à moralidade dos
costumes.
Quase
teria sido a carreira de José Joaquim Geminiano (na Carta Imperial está o
Geminiano) depois de fevereiro de 1835? Ignoro. Encontro filhos seus terminando
estudos jurídicos em Recife e nascidos na capital pernambucana. Aí deve ter
residido e, até prova em contrário, viajado para o outro-mundo. São estas as
polegadas que adiantei na história de José Joaquim Geminiano de Morais Navarro,
o primeiro norte-rio-grandense que se bacharelou em Direito na amada terra do
Brasil. Luís da Câmara Cascudo - A República, 21 de dezembro de 1939
Os
seus patrícios quase o esquecem. Apenas revejo seu nome comprido na lista dos
votados, a 10 de novembro de 1834, para deputados à primeira Assembléia
Legislativa Provincial. E assim mesmo obteve... um voto
FONTE – FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO